
Por trás dos sorrisos e jogadas mágicas que marcaram a carreira de Ronaldo de Assis Moreira, conhecido mundialmente como Ronaldinho Gaúcho, há uma narrativa repleta de conquistas, reviravoltas e decisões controversas. Nascido em Porto Alegre, Ronaldinho iniciou sua trajetória no Grêmio, clube onde despontou para o futebol mundial e conquistou a torcida. Sua relação com o Tricolor, porém, seria marcada tanto pela admiração quanto pela ruptura.
Os primeiros passos: de promessa à estrela
Em meados da década de 1990, Ronaldinho já era apontado como uma das maiores promessas do futebol brasileiro. Desde as categorias de base, ele impressionava pela habilidade singular e visão de jogo. Ao subir para o time principal do Grêmio em 1998, o jovem talento rapidamente se tornou uma figura chave na equipe.
O ano seguinte trouxe seu primeiro grande título: o Campeonato Gaúcho de 1999. Ronaldinho foi crucial na conquista, mostrando que seu potencial estava longe de ser apenas expectativa. Contudo, o que realmente ficou marcado na memória dos torcedores foi seu desempenho na Libertadores, onde, aos 17 anos, tornou-se o jogador mais jovem a marcar pelo Grêmio na competição, com um gol contra o Chivas Guadalajara.
Seu estilo de jogo, composto por dribles desconcertantes e gols espetaculares, rapidamente o transformou no queridinho da torcida gremista. Seu irmão Assis, que também jogava no Grêmio, já antecipava: “Ele é o craque da família.”
A saída polêmica: o adeus que feriu corações
Com o talento de Ronaldinho se tornando cada vez mais evidente, não demorou para que clubes europeus demonstrassem interesse. Em 2001, após três anos marcantes no Grêmio, o jogador partiu para o Paris Saint-Germain (PSG), em uma transferência envolta em polêmica. O adeus de Ronaldinho deixou muitos torcedores tricolores magoados, especialmente pela percepção de que sua saída foi abrupta e mal conduzida.
No PSG, Ronaldinho consolidou-se como um dos grandes nomes do futebol, mas foi no Barcelona, a partir de 2003, que ele atingiu o auge de sua carreira, conquistando títulos como a Liga dos Campeões e sendo eleito o melhor jogador do mundo duas vezes consecutivas, em 2004 e 2005.
O retorno ao Brasil: o reencontro que não aconteceu
Depois de anos de sucesso na Europa, Ronaldinho decidiu retornar ao futebol brasileiro em 2011. A possibilidade de vê-lo novamente vestindo a camisa do Grêmio gerou enorme expectativa entre os torcedores. Afinal, tratava-se do momento perfeito para o ídolo reconectar-se com suas raízes e reviver a história que havia começado em Porto Alegre.
Negociações entre Ronaldinho, seu irmão e representante Assis, e o clube chegaram a ser amplamente divulgadas, com indícios de um acordo iminente. Porém, em uma reviravolta inesperada, Ronaldinho optou por não retornar ao Grêmio e assinou com o Flamengo. A decisão causou grande frustração entre os gremistas, que passaram a chamá-lo de “traíra”. O episódio marcou uma ruptura definitiva entre o craque e boa parte da torcida tricolor.
A era no Flamengo: o Bonde do Mengão sem Freio
Ao anunciar sua ida ao Flamengo, Ronaldinho declarou com entusiasmo: “Agora eu sou Mengão.” O clube carioca promoveu uma recepção calorosa e criou grande expectativa em torno de sua contratação. Contudo, apesar de algumas boas atuações, Ronaldinho não conseguiu repetir o nível de desempenho que o consagrou na Europa. A relação com o Flamengo também acabou se desgastando, levando-o a buscar novos horizontes.
Renascimento no Galo e os últimos capítulos
Foi no Atlético Mineiro que Ronaldinho encontrou um novo lar e voltou a brilhar. Em 2013, liderou o Galo na conquista inédita da Copa Libertadores, consolidando sua posição como um dos maiores jogadores da história do futebol brasileiro. Sua passagem pelo clube foi marcada por grandes momentos, incluindo a Recopa Sul-Americana de 2014.
Após aventuras pelo Querétaro no México e pelo Fluminense, Ronaldinho encerrou oficialmente sua carreira nos gramados, mas jamais se afastou completamente do futebol. Atualmente, continua sendo uma figura presente em eventos, embaixador do esporte e protagonista de histórias inusitadas fora dos campos.